sábado, 17 de outubro de 2009

Marcha Branca espera receber 5 mil pessoas e angariar uma tonelada de alimentos


As ruas centrais de Santa Maria da Feira acolhem, hoje à noite, uma Marcha Branca em que é esperada a participação de 5000 pessoas - todas com uma peça de vestuário branco - e a doação de uma tonelada de alimentos
O evento, que surge por iniciativa de seis instituições do concelho, assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, propondo-se minorar o problema através de uma medida concreta como a recolha de bens alimentícios para distribuição por famílias em dificuldades.

Paulo Costa, coordenador da Marcha Branca e dirigente da organização não governamental “Rosto Solidário”, explica que o objectivo do evento é “envolver as pessoas no problema da pobreza e levá-las a prestar mais atenção às situações que se desenrolam mesmo ao seu lado”.
“Queremos ter sentinelas que, de forma voluntária, nos alertem para os casos problemáticos que há em cada freguesia do concelho”, explica Paulo Costa. O organizador sustenta ainda que “com essa ajuda, é mais fácil fazer a ponte com a realidade concreta das pessoas que estão em dificuldades e saber como ajudá-las”.

O “contributo imediato” da manifestação popular, com início às 20:00 de sábado na Casa do Moinho, junto às piscinas municipais da Feira, é a recolha de 1000 quilos de alimentos não perecíveis, como arroz, massas, enlatados, farinhas lácteas, papas de bebé, leite em pó, cereais, leite, bolachas e compotas.


Esses produtos serão depois destinados a famílias do concelho já identificadas por diferentes organismos como estando “em situação difícil”, sobretudo devido a questões relacionadas com o desemprego.

“Nesta altura, é esse o principal problema da Feira”, afirma Paulo Costa.
“O desemprego não tem disparado, mas tem aumentado e, por isso, esta é uma zona em que a pobreza se tem agravado. Como deixou de haver lugar para a mão-de-obra intensiva, as pessoas com baixa qualificação ficaram numa posição muito difícil”, acrescentou.

O coordenador da Marcha Branca defende, contudo, “que o problema nem sempre é de ordem económica” e faz uma distinção entre “pobreza envergonhada - aquela em que as pessoas não querem admitir que estão a passar dificuldades - e a pobreza enclausurada - em que elas já estão tão dependentes de ajuda que não conseguem libertar-se do ciclo de pobreza”.

“Chamar a atenção das pessoas para todas essas diferenças é”, para Paulo Costa, “o principal objectivo da Marcha Branca”.

O evento resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal da Feira, a empresa municipal Feira Viva e quatro organizações não-governamentais do concelho: Rosto Solidário, Leigos para o Desenvolvimento, Jovens Sem Fronteiras e Viver 100 Fronteiras.
Os participantes vão percorrer as ruas do centro histórico da cidade entre as 20:00 e as 22:00, ao que se segue um concerto com a participação “pro bono” da Instável Orquestra e do grupo All About Dance.

Ainda no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, entre as 10:00 e as 17:00 de sábado, realizam-se na Biblioteca Municipal da Feira as Jornadas Solidárias, com a participação de várias personalidades.

Entre estas, destaque para a presença de Fernando Nobre, da Assistência Médica Internacional, D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, Bernardino Silva, da Oikos, Miguel Pinto, da cooperativa de comércio justo “Equação”, Teresa Paiva Couceiro, da Fundação Gonçalo Silveira (Angola), Paulo Costa, da Leigos para o Desenvolvimento (Uíge, Angola), Mónica Pacheco, da Gás’África e Diana Costa, da Associação Viver 100 Fronteiras (Guiné-Bissau).



Lusa/SOL

Sem comentários: