sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Associação Académica lança fundo para alunos carenciados

A Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) vai lançar um fundo social para apoiar alunos em dificuldades, «alguns dos quais sem dinheiro para refeições», relatou à Agência Lusa, Fausta Parracho, dirigente da AAUBI

Segundo a mentora do projecto, existem 50 casos de carências, entre os quais “há dez casos urgentes, de pessoas que pagam as propinas com dinheiro emprestado e que neste momento não têm possibilidade de comer”, destacou.

Um tipo de situação que deverá ser resolvida “com o pagamento de refeições nas cantinas da universidade”, exemplificou. A dirigente académica falava na noite de segunda-feira numa festa de angariação de verbas.
O fundo pretende servir de rede para quem espera pela atribuição de bolsa, para famílias que sofrem perdas súbitas de rendimento ou para quem tem um incumprimento curricular pontual e justificado, mas que pode implicar perda de bolsa, entre outras situações.
“Cada caso é um caso e será analisado individualmente”, destacou.
Durante um período de tempo, o fundo paga despesas aos alunos em dificuldades que a acção social comprove não ter margem de manobra para apoiar no imediato. “Nunca vamos entregar dinheiro”, sublinhou Fausta Parracho.
“Vamos pagar despesas e esse valor será sempre contabilizado como um empréstimo sem juros, que prevemos seja depois pago pelo aluno ao longo de um ano”, acrescentou.
“A primeira linha de actuação continuará a ser sempre a acção social da universidade. A aplicação do fundo depende sempre da explicação técnica dos serviços para não poderem apoiar”, destaca Pedro Pombo, provedor do estudante da UBI, que juntamente com a AAUBI vai participar na avaliação dos casos.
“Esta ideia demonstra a capacidade e empenho dos alunos para ajudar quem, por questões técnicas, não possa ser abrangido pela acção social”, sublinhou.
Apesar de não estar entre os casos urgentes, Wilson Vicente, estudante cabo-verdiano, dá a cara porque precisa de 200 euros “para pagar a primeira prestação das propinas”, contou à Agência Lusa.
Já sem direito, trabalha na Covilhã, e o que ganha até dá para pagar uma prestação à UBI. No entanto, traz às costas mais de 400 euros de propinas em atraso. Contas feitas, pede um empréstimo que lhe permita repartir o pagamento até Dezembro.
“Em Dezembro cai a segunda prestação das propinas. Estamos a preparar uma nova festa e angariação de fundos para essa altura”, referiu Fausta Parracho.
Altura em que espera já ter o fundo devidamente constituído, com uma verba que ronde, pelo menos, “entre cinco a oito mil euros” e que vai contar com o contributo da reitoria da UBI.
“É de louvar esta atitude dos alunos aos quais já prometi uma verba significativa para subsidiar parte do fundo”, disse à Agência Lusa o reitor João Queiroz.
Lusa/SOL

domingo, 18 de outubro de 2009

Jovem da Cisjordânia desafia a morte para se juntar ao namorado em Gaza



Um computador com câmara integrada e ligado à Internet foi quanto bastou para que May Hamed, de 23 anos, e Mohammed Warda, de 25, se conhecessem. E se apaixonassem. Com o aval da família, obviamente. Como acontece nas famílias palestinianas mais tradicionais.

A situação de May e de Mohammed não era, porém, muito comum. May vivia em Ramallah, a capital da Cisjordânia; Mohammed, no campo de refugiados de Nuseirat, no sul da Faixa de Gaza. Separados, portanto, por umas centenas de quilómetros, distância que poderia ser transposta em duas horas de carro. Isto, numa situação normal. O que não é o caso.

Desde Junho de 2007, quando o Hamas ali tomou o poder, que a Faixa de Gaza está bloqueada. E os seus habitantes só podem sair para o Egipto, a sul, ou para Israel, a norte e leste, se os respectivos governos aceitarem. Mesmo que sejam palestinianos que queiram apenas juntar-se à família que vive na Cisjordânia, ou vice-versa. Daí que, quando decidiram casar, e perante a impossibilidade de Mohammed sair de Gaza, tenha cabido a May a ousadia de furar o bloqueio. Fê-lo, após percorrer milhares de quilómetros - desde Ramallah, via Amã, na Jordânia, até Rafah, no Egipto, de onde entrou em Gaza através de um dos milhentos túneis que serpenteiam no subsolo do pequeno território nas margens do Mediterrâneo Oriental. As centenas de quilómetros que separam a Cisjordânia de Gaza foram, por exigência dos governos, transformadas em milhares de quilómetros que May levou quatro dias a percorrer.
Quatro dias e mais uma hora, esta a do percurso particularmente difícil que encerrou a aventura de May. De olhos fechados, por causa do pó que levantava ao rastejar e da areia que esboroava do tecto do túnel, e com o medo por companhia: o túnel podia ruir; os egípcios podiam descobrir que havia ali movimento e lançar granadas para o seu interior como o fazem com frequência ou, simplesmente, Israel poderia bombardeá-lo. Lá fora, sob um sol escaldante, Mohammed - que pagara 1500 dólares, cerca de 1020 euros, para conseguir que os contrabandistas ajudassem May a usar o túnel - aguardava. Com medo também, porque consciente do perigo que a noiva estava a correr. Mais tarde, Mohammed contou que quando viu May a emergir do túnel "foi como se ela estivesse a sair da campa, de tal modo estava coberta de terra". Enquanto May confirma: "Sabia que corria o risco de ser enterrada viva."
"Senti-me muito mal por ela ter de passar por todas aquelas dificuldades só por minha causa", afirma Mohammed. O já marido de May explica, então, à imprensa: "Após o nosso noivado online, pedi aos israelitas que me dessem autorização para ir ter com May à Cisjordânia. Fiz cinco pedidos; em vão." E desabafa, algo amargo: "Infelizmente, os israelitas não mostraram qualquer compaixão connosco, para deixar que nos encontrassem."
Ao recusar a saída de Mohammed para a Cisjordânia, que teria obrigatoriamente de passar por território israelita, o Governo de Benjamin Netanyahu procurou evitar que extremistas deixem a Faixa de Gaza e vão alimentar as fileiras dos que existem na Cisjordânia. E o facto de Mohammed ser da Fatah, da qual recebe 250 dólares mensais por uma tarefa que já não desempenha - guarda-costas de responsáveis da Autoridade Palestiniana - , não deu qualquer peso aos seus pedidos.
E foi por tudo isso que May teve de deixar o seu emprego na butique de Ramalla. "O amor é cruel", desabafa May, que, entretanto, perdeu o pai e não conseguiu ter a família no seu casamento.

Mulheres são três em cada quatro vítimas de tráfico no País



Hoje é o Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos e faz- -se o primeiro balanço do fenómeno em Portugal. Foram sinalizadas 231 vítimas, a maioria usadas na prostituição. Os homens trabalham ou furtam

Três em cada quatro vítimas de tráfico em Portugal são mulheres. Em geral, brasileira, solteira, com 30 anos e que está ilegal. Um familiar, ou amigo, ou um amigo do amigo, prometeu-lhe um bom emprego, mas coloca-a num bar de alterne no Norte de Portugal. Fica sem documentos, é ameaçada e vigiada por portugueses. É o perfil da vítima para fins de exploração sexual. Os 25% que sobram são homens, mais velhos e que são recrutados para fins laborais ou para praticarem crimes (furto).
As mais duas dezenas de vítimas sinalizadas são, posteriormente, acompanhas pelas autoridades, até para se chegar às redes de tráfico. Mas o difícil é provar a condição de "escravo", sobretudo as que são transaccionadas para exploração sexual. Desde que há monitorização, 2008, sinalizaram 231 vítimas e só confirmaram 41.
São os primeiros números oficiais da dimensão do tráfico de seres humanos em Portugal. A informação, a que o DN teve acesso, é trabalhada pelo Observatório sobre o Tráfico de Seres Humanos, criado em 2008, e será hoje apresentada, no Porto, para assinalar o Dia Europeu Contra o Tráfico de Seres Humanos.
Entre as 231 situações com sendo de tráfico de seres humanos, 46 registaram-se nos primeiros seis meses deste ano. E, embora só tenham confirmado 18% (decorrem as investigação), são todos relevantes para a compreensão do fenómeno, justificam Paulo Machado, chefe de equipa do Observatório, e Manuel Albano, coordenador para o I Plano Nacional Contra o Tráfico de Seres Humanos. E, sublinham: "Esses casos sugerem sempre situações em que as manifestações de discriminação social, de ilicitude, muitas vezes de violência de género, bem como de outros tipos de crimes, estão presentes".
Traçam o perfil das vítimas deste negócio, considerado um dos mais lucrativos do século e que vitima 2,4 milhões de pessoas todos os anos. Mas os dados do Observatório, também, revelam que há vítimas para fins de exploração sexual oriundas de uma dúzia de países, nomeadamente da Europa de Leste e Central e de África de língua portuguesa. E que há uma maioria de mulheres entre os 22 e 38 anos.
Alguém lhes acena no país de origem com a promessa de um emprego. Metem-se num avião para Lisboa ou outra cidade europeia, viajando em outro meio de transporte até chegar ao destino. Uma vez cá são colocadas numa casa de alterne, onde são controladas por portugueses. E uma informação que confirma a complexidade do sistema, é a de que "as vítimas são recrutadas por círculos de sociabilidade, amigos ou familiares".
A situação dos homens é diferente. Estes constituem a maioria das situações de tráfico confirmadas e viajam acompanhados para Portugal, onde obrigados a trabalhar dez e mais horas diárias. Ou obrigam-nos a praticar furtos.

A vida pelos outros

0h25m - Maria Cláudia Monteiro

Há gente que depende das centenas de voluntários que todos os dias combatem anonimamente a pobreza.



Alguns chegam como voluntários, de coração aberto e estômago vazio. Vêm para ajudar, mas, vencido o silêncio envergonhado, confessam que também eles precisam de ajuda. São os novos pobres.

Despojados das estratégias que os utentes tradicionais das instituições aprenderam a dominar, os novos pobres aguardam a melhor altura para pedir ajuda. "Aparecem cada vez com mais frequência", constata Susete Santos, do Gabinete de Apoio Social do Centro Porta Amiga da Assistência Médica Internacional, no Porto. "E nós temos de estar cada vez mais atentos. Agora, temos de estar atentos até aos voluntários", explicou ao JN.
Entram pela porta que julgam envergonhá-los menos, a eles que nunca tiveram por que pedir ajuda. "São pessoas que nunca recorreram à Segurança Social, nunca tiveram institucionalizadas e que têm um grande desconhecimento da forma como as coisas se processam", descreve a técnica da AMI.
Fazem parte de uma pobreza encoberta que grassa silenciosa pelas ruas das cidades e que preocupa Susete Santos. A que se passa entre as quatro paredes de casa, escondida na vergonha de quem deixou de conseguir ganhar para viver a vida como dantes. O desemprego está na base da maioria das situações de carência que chegam às instituições. "Era bom que todas as novas situações chegassem até nós, mas acredito que há muito mais", calcula a socióloga da AMI Porto.

Números da Assistência Médica Internacional (AMI) indicam uma subida de 10% no número de casos que chegaram aos centros Porta Amiga, nos primeiros seis meses deste ano. "Estes valores demonstram uma nítida tendência para um crescente número de casos de pobreza persistente. A grande maioria destas pessoas encontra-se em plena idade activa, entre os 21 e os 59 anos de idade", explica a AMI.
No total, 5201 pessoas procuraram apoio social da organização, 80% das quais desempregadas. Um número que se aproxima dramaticamente do total atingido em anos anteriores. Destas, quase duas mil recorreram à ajuda pela primeira vez, o que indica a existência de cada vez mais casos de nova pobreza.
A propósito do Dia Internacional para Erradicação da Pobreza, comemorado ontem, republicaram-se as estatísticas que atestam o que as instituições percepcionam em parcelas dramáticas de pobreza, estrutural ou adquirida.
A Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) cita dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao desemprego, segundo os quais no segundo trimestre havia 507,7 mil portugueses que tinham perdido o trabalho. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico estima que, no final do próximo ano, sejam 650 mil, mais 210 mil do que em 2007.
O JN acompanhou quatro voluntários que com o seu trabalho tentam esbater a pobreza, que, dizem os números, atinge 18% dos portugueses (ver páginas seguintes).

Tráfico humano requer combate especializado


Relatório do Plano contra o tráfico de pessoas recomenda criação de equipas policiais específicas

00h30m - CLARA VASCONCELOS

A criação de equipas de investigação especializadas em crimes de tráfico de pessoas é uma das principais recomendações do primeiro relatório do Plano Nacional de Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos, que hoje, domingo, será apresentado no Porto.

No dia em que se assinala o Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos, os responsáveis pelo I Plano de Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos e do Observatório entretanto criado para monitorização do fenómeno apresentam um primeiro balanço de actividades e estatísticas actualizadas.
O primeiro relatório de actividades, a que o JN teve acesso, termina com seis recomendações, a primeira das quais relativa à necessidade de criação de investigadores especializados e a trabalhar em exclusivo no tráfico de pessoas, quer na Polícia Judiciária, quer no serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Equipas que poderão ser conjuntas às duas polícias e a quem seria dada formação profissional específica.
Do mesmo modo, e "tendo em conta a importância da troca de informação rápida e fiável", recomenda-se a designação, por parte das polícias, de um contacto único para esse efeito.
O primeiro relatório do Plano - que entrou em vigor em 2007 e termina no próximo ano -, defende ainda a criação de uma estrutura a nível nacional, com representantes de todos os órgãos de polícia criminal, "especialmente dedicada a melhorar a coordenação nacional da investigação" nesta área.
A necessidade de reintegração das vítimas de tráfico, aconselha também, segundo o mesmo relatório, a formalização de um protocolo com o Instituto do Emprego e Formação profissional, "no sentido de haver vagas específicas para estas em cursos de formação".
A realidade nacional relativamente ao tráfico de pessoas, começa agora a ser mais conhecida, segundo disse ao JN o director do Plano, Manuel Albano, devido às alterações introduzidos pela reforma penal de 2007 e pelos procedimentos entretanto adoptados, como o modelo de sinalização das vítimas.
"Qualquer pessoa pode fazê-lo", disse, explicando que há um formulário próprio para o efeito. As polícias e as Organizações não Governamentais também têm a obrigação de sinalizar, sempre que se deparem com potenciais vítimas de tráfico.
"A detecção dos casos tem permitido um conhecimento da realidade muito diferente da que tínhamos há anos atrás", diz, lembrando que este é "um crime oculto" , até agora olhado mais na perspectiva "da imigração ilegal".
Hoje em dia, as polícias, quando fazem rusgas, preocupam-se também em saber se para além de ilegais, as pessoas não estarão ali sob coacção. Quando suspeitem de que essa situação existe pedem apoio ao Centro de Acolhimento e Protecção, criado no âmbito do Plano, e que funciona 24 horas por dia.

sábado, 17 de outubro de 2009

Chimpanzés são altruístas quando solicitados- Poderão os homens ser assim?

Investigação da Universidade de Quioto sugere que estes primatas são capazes de se ajudarem sem esperar nada em troca


Os chimpanzés são capazes de prestar ajudar a um companheiro quando este a solicita sem esperarem nada em troca. Esta é a principal conclusão do estudo realizado em conjunto pelo Instituto de Investigação de Primatas e o Centro de Investigação da Vida Selvagem, da Universidade de Quioto.

No artigo agora publicado na revista «PLoS ONE» a equipa liderada por Shinya Yamamoto, explica que colocou chimpanzés em situações em que seria necessária a inter-colaboração para cada um atingir um objectivo distinto.
Os cientistas fizeram então duas experiências. Na primeira, um animal tinha acesso a uma palha e o outro a um pau. No entanto cada um necessitava do instrumento do outro. Verificou-se que quando solicitados pelo companheiro, cediam o instrumento.
Verificou-se também que mesmo sem esperarem reciprocidade continuavam a ajudar-se tantas vezes quantas fossem solicitadas.
Na segunda experiência, colocaram chimpanzés em situações em que não era possível haver reciprocidade, pois um tinha o papel de doador e o outro de receptor, exclusivamente. Os investigadores constataram que mesmo assim o doador cedia as ferramentas a pedido do outro.
Como conclusão, os cientistas sublinham a evidência da ajuda altruísta entre os chimpanzés, sem ganhos pessoais directos ou reciprocidade imediata.
O estudo sugere igualmente que, ao contrário do que acontece com o ser humano, estes animais raramente realizam actos de altruísmo voluntário, sendo necessário haver um pedido de ajuda.

Artigo: Chimpanzees Help Each Other upon Request - http://www.plosone.org/article/info:doi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0007416#s5


Cáritas vai dar vales de refeição para quem tem vergonha de pedir ajuda

A Cáritas Portuguesa irá iniciar a distribuição de vales de refeição com o objectivo de combater o fenómeno da pobreza envergonhada, avança o Público
Através de um protocolo com a Ticket Restaurant, a Cáritas irá facultar talões de refeição com valores de cinco, dez ou 15 euros, para pessoas que vivem situações de privação e que não conseguem pedir ajuda a instituições de solidariedade, escreve o jornal.



«Já estão a aparecer pessoas sem subsídio de desemprego» e «é de prever que a situação se agrave no próximo ano», afirmou ao Público Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas.

Os vales serão distribuídos pelas Cáritas diocesanas e permitirão que as pessoas possam ir a qualquer supermercado abastecer-se de bens essenciais. Assim evitarão deslocar-se a uma instituição de apoio, vendo a sua situação exposta publicamente.
Para chegar a essas pessoas, o presidente da Cáritas diz que é essencial o contributo de outros (familiares, vizinhos, amigos) e de elementos das próprias instituições de solidariedade social, escreve o Público.
«O desafio é ir ao encontro dessas pessoas, não esperando que elas venham pedir ajuda, respeitando a sua vontade, a discrição necessária, as redes familiares e as redes de vizinhos», diz Eugénio Fonseca.

SOL

Marcha Branca espera receber 5 mil pessoas e angariar uma tonelada de alimentos


As ruas centrais de Santa Maria da Feira acolhem, hoje à noite, uma Marcha Branca em que é esperada a participação de 5000 pessoas - todas com uma peça de vestuário branco - e a doação de uma tonelada de alimentos
O evento, que surge por iniciativa de seis instituições do concelho, assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, propondo-se minorar o problema através de uma medida concreta como a recolha de bens alimentícios para distribuição por famílias em dificuldades.

Paulo Costa, coordenador da Marcha Branca e dirigente da organização não governamental “Rosto Solidário”, explica que o objectivo do evento é “envolver as pessoas no problema da pobreza e levá-las a prestar mais atenção às situações que se desenrolam mesmo ao seu lado”.
“Queremos ter sentinelas que, de forma voluntária, nos alertem para os casos problemáticos que há em cada freguesia do concelho”, explica Paulo Costa. O organizador sustenta ainda que “com essa ajuda, é mais fácil fazer a ponte com a realidade concreta das pessoas que estão em dificuldades e saber como ajudá-las”.

O “contributo imediato” da manifestação popular, com início às 20:00 de sábado na Casa do Moinho, junto às piscinas municipais da Feira, é a recolha de 1000 quilos de alimentos não perecíveis, como arroz, massas, enlatados, farinhas lácteas, papas de bebé, leite em pó, cereais, leite, bolachas e compotas.


Esses produtos serão depois destinados a famílias do concelho já identificadas por diferentes organismos como estando “em situação difícil”, sobretudo devido a questões relacionadas com o desemprego.

“Nesta altura, é esse o principal problema da Feira”, afirma Paulo Costa.
“O desemprego não tem disparado, mas tem aumentado e, por isso, esta é uma zona em que a pobreza se tem agravado. Como deixou de haver lugar para a mão-de-obra intensiva, as pessoas com baixa qualificação ficaram numa posição muito difícil”, acrescentou.

O coordenador da Marcha Branca defende, contudo, “que o problema nem sempre é de ordem económica” e faz uma distinção entre “pobreza envergonhada - aquela em que as pessoas não querem admitir que estão a passar dificuldades - e a pobreza enclausurada - em que elas já estão tão dependentes de ajuda que não conseguem libertar-se do ciclo de pobreza”.

“Chamar a atenção das pessoas para todas essas diferenças é”, para Paulo Costa, “o principal objectivo da Marcha Branca”.

O evento resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal da Feira, a empresa municipal Feira Viva e quatro organizações não-governamentais do concelho: Rosto Solidário, Leigos para o Desenvolvimento, Jovens Sem Fronteiras e Viver 100 Fronteiras.
Os participantes vão percorrer as ruas do centro histórico da cidade entre as 20:00 e as 22:00, ao que se segue um concerto com a participação “pro bono” da Instável Orquestra e do grupo All About Dance.

Ainda no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, entre as 10:00 e as 17:00 de sábado, realizam-se na Biblioteca Municipal da Feira as Jornadas Solidárias, com a participação de várias personalidades.

Entre estas, destaque para a presença de Fernando Nobre, da Assistência Médica Internacional, D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, Bernardino Silva, da Oikos, Miguel Pinto, da cooperativa de comércio justo “Equação”, Teresa Paiva Couceiro, da Fundação Gonçalo Silveira (Angola), Paulo Costa, da Leigos para o Desenvolvimento (Uíge, Angola), Mónica Pacheco, da Gás’África e Diana Costa, da Associação Viver 100 Fronteiras (Guiné-Bissau).



Lusa/SOL

Jovens sul-americanas são as principais vítimas de tráfico de Seres Humanos

Mulheres, com idade média de 35 anos, sozinhas, frágeis e na maioria provenientes da América do Sul, são as principais vítimas de tráfico para exploração sexual.

A descrição é de Paulo Machado, presidente do Observatório Português contra o Tráfico de Seres Humanos, entrevistado pela agência Lusa por ocasião do dia internacional e europeu pelo combate contra este fenómeno, que se assinala domingo.
O tráfico de seres humanos é um negócio muito rentável, que anualmente movimenta largos milhões de euros e que funciona com redes de distribuição transnacionais complexas e eficazes, estando sempre associado ao tráfico de droga, lenocínio e auxílio à imigração ilegal, entre outros crimes.
As centenas de milhares de mulheres e homens (estes utilizados para exploração laboral) traficados anualmente percorrem um circuito no qual são várias vezes vendidos, em diversos países.
"Uma mulher que vem de um país terceiro para a União Europeia para ser explorada pode ser vendida uma primeira vez por quatro ou cinco mil euros e passadas poucas semanas volta a ser vendida por igual quantia. Este processo pode repetir-se quatro ou cinco vezes", explica Paulo Machado.
"O valor de uma pessoa traficada neste terrível mercado pode atingir os 25, 30 ou 50 mil euros", sublinha.
As vítimas são identificadas pelas autoridades através de um conjunto de indicações: "não conhecem o local onde estão, não conhecem ninguém e não estabelecem relações sociais".
As acções de fiscalização dos inspectores do trabalho e das forças de segurança são consideradas fundamentais para sinalizar as vítimas.
Desde o ano passado existe em Portugal um sistema de monitorização deste crime, que tem actualmente 150 casos sinalizados. Desde Janeiro de 2008 foram confirmados 20 casos de mulheres, "novas e estrangeiras", utilizadas para exploração sexual.
"Há mais vítimas registadas, mas não significa que o número tenha aumentado", frisa o presidente do Observatório.
"As vítimas sinalizadas e confirmadas vêm da América do Sul, a grande maioria, da África, da Ásia e da antiga Europa de Leste", pormenoriza.
Contudo, "Portugal não é particularmente importante no tráfico como país de destino, funciona mais como uma passagem, um país de transição", destaca.
Segundo estudos sobre o tráfico de seres humanos, "não há apenas um país de origem e só um de destino, mas sim um país de origem e vários de destino".
"As vítimas, nomeadamente mulheres, podem passar por vários países e serem vítimas de vários actos de tráfico. A mobilidade é uma condição fundamental para quem pratica estes crimes, por isso, a troca de informação é vital", sustenta.
Este fenómeno é precisamente uma das prioridades da presidência sueca da União Europeia, que propôs aos Estados-membros um novo plano de acção que vai ser aprovado em Novembro.
A criação de um novo plano, mais pró-activo, significa, para Paulo Machado, "o reconhecimento de que é necessário mais ambição para combater o fenómeno, de que é preciso trocar mais e melhor informação".

No caso português, precisou, "poderá significar uma troca de informações mais profícua com o Brasil".

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

AS NOIVAS MAIS JOVENS DO MUNDO


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Índia no topo da lista de noivados infantis

00h30m



CATARINA PINHO

A violência infantil atinge 1,5 biliões de crianças. Um bilião vive sob conflito armado. Há 150 milhões a braços com trabalho.

Já os noivados infantis proliferam na Índia. As denúncias constam do relatório da UNICEF.

Mais de um terço das noivas com menos de 18 anos são oriundas da Índia, facto que as torna expostas a um nível elevado de risco de exploração, apesar da economia saudável e da crescente modernidade da Ásia, evidencia o relatório da UNICEF, lançado anteontem, em Tóquio. Este faz notar que, na Índia, Nepal e Paquistão, as crianças podem estabelecer noivado ou contrair matrimónio antes dos dez anos.

Por outro lado, o relatório denuncia que milhões de crianças estão a ser forçadas a trabalhar em condições adversas, ou enfrentam violência e abusos em casa e fora dela, sofrendo danos físicos e psicológicos permanentes, cujos efeitos são, por vezes, irreparáveis.

Ann Veneman, directora-executiva da UNICEF, mostra-se apreensiva com os dados. "Uma sociedade não pode prosperar se os seus membros mais jovens forem obrigados a casar precocemente, se forem abusados enquanto trabalhadores do sexo ou se lhes forem negados os seus direitos básicos", afirmou.Apesar do aumento dos níveis de alfabetismo e do impedimento do casamento infantil, a tradição e a religião mantêm o costume vivo na Índia, bem como no Nepal e no Paquistão, segundo o mesmo relatório.

Mais de metade dos noivados infantis ocorrem no sul da Ásia, o que contribui para um crescimento de nascimentos sem registo, excluindo-se as crianças de qualquer protecção do Estado, como o ensino e a assistência médica.

Para melhorar a protecção infantil, o documento da UNICEF aponta uma estratégia que identifica cinco áreas prioritárias de actuação. A meta envolve melhorar os sistemas de protecção infantil, promover mudanças sociais, reforçar a protecção em situações de emergência, intensificar o trabalho em parceria e recolher dados fiáveis para obter resultados concretos.