segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Fábrica na Índia empregava crianças escravas


Roupa destinava-se à Gap Kids


A marca americana já disse que desconhecia que a empresa subcontratada recorria a trabalho infantil e garantiu ir analisar a situação. Este, contudo, é apenas um pequeno reflexo de um flagelo que martiriza a Índia



Fábrica na Índia empregava crianças escravas

Pedro Chaveca
13:25 Domingo, 28 de Out de 2007

O trabalho infantil na Índia afecta 55 milhões de crianças



Foram descobertas várias crianças, algumas com menos de dez anos, a trabalhar numa fábrica de roupa nos arredores da cidade de Nova Deli, na Índia.
Segundo uma reportagem realizada pelo jornal britânico "The Observer" o vestuário confeccionado pertencia à marca Gap Kids e destinava-se a reforçar as prateleiras das lojas da marca na Europa e nos EUA, a tempo das compras natalícias.
O ambiente lúgubre, os maus-tratos e ameaças a que as crianças estavam sujeitas foram relatados pelas próprias que referiram não receberem qualquer tipo de pagamento pelo trabalho, que invariavelmente durava longas e dolorosas horas.
A marca sedeada em São Francisco, já admitiu que roupa em causa pertence realmente ao seu inventário e justificou mais esta acusação de recorrer sistematicamente ao trabalho infantil, com o total desconhecimento da situação.
Segundo o gigante do vestuário as responsabilidades devem ser imputadas à empresa que contrataram na Índia e que, por sua vez e sem qualquer conhecimento da Gap, recorreu ao trabalho infantil.



Investigação em curso


Entretanto para que não sobrem dúvidas das boas intenções da marca que conta com Lenny Kravitz ou Madonna nos seus outdoors publicitários, a Gap emitiu um comunicado, onde sublinhou "não ser aceitável em nenhuma circunstância haver crianças a fabricar ou produzir roupas" e por "um dos nossos representantes ter claramente violado este acordo está em curso uma profunda investigação".
Enquanto não se descobre o que é que correu mal, a marca já sinalizou o vestuário produzido nesta fábrica e garantiu que nenhuma peça de roupa será comercializada.
A Gap, contudo, não é propriamente uma novata neste tipo de acusações e embora tenha recentemente lançado uma campanha de caridade a favor de África e liderada pelo muito mediático Bono, as criticas arrastam-se há vários anos.
Em 2004 foi obrigada a admitir que vários fornecedores recorriam a trabalho forçado, onde eram comuns maus-tratos, trabalho infantil e vencimentos de miséria, como resultado a marca teve de cancelar 136 contratos com essas empresas. O mesmo aconteceu em 2006, mas desta vez apenas com 23 fornecedores.
Índia depende do trabalho de 55 milhões de crianças
Independentemente da marca em questão, segundo dados da ONU, a Índia é a capital mundial do trabalho infantil, o que faz com que a maior democracia do mundo tenha cerca de 55 milhões de crianças com menos de 14 anos a trabalharem em fábricas, nos campos, ou onde quer seja necessária mão-de-obra.
O trabalho infantil está tão difundida no país dos Marajás que 20 por cento da sua economia é assegurada por esta indústria subterrânea.
O professor Sheotaj Singh, co-fundador de um centro de reabilitação para jovens apanhados nas malhas do trabalho infantil, critica os empresários sem escrúpulos e admite sem ilusões que esta situação "é um grande atractivo para as companhias do mundo ocidental", por isso lança um apelo aos consumidores, onde sugere que ao comprarem uma peça de roupa tenham a certeza de como foi produzida e não só de que material é feita.
in Expresso on line

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